quinta-feira, 30 de julho de 2009

UM TEXTO PARA REFLEXÃO

ÉTICA E PRÁTICA EDUCATIVA
Gestora Solange Kunrath

O texto de Cipriano Carlos Luckesi, ÉTICA E PRÁTICA EDUCATIVA, OUTRA VEZ, nos apresenta posições éticas assumidas na filosofia ocidental ao longo da história, tendo como base um texto de Lee Yarley, professor de Religião na Stanford University, e as quais, segundo o autor, tem fundamentos abstratos, metafísicos e praticamente sem vínculos com a vivência do ser humano. Luckesi afirma que um fundamento muito mais significativo e consistente para a conduta ética é a solidariedade, pois esta sim se concretiza no relacionamento do eu com o outro.
O autor também aborda um dos objetivos da educação elaborados pela Unesco, para o século XXI, que ó objetivo de “aprender a viver juntos”, mantendo “nossa identidade e sobrevivência com dignidade, garantindo a identidade e a sobrevivência do outro”. Nesse sentido também cita Dalai Lama que diz “A força dominante da mente humana, ainda é a compaixão”. Uma compaixão, representada pela ação solidária, consigo e com o outro, pois nós necessitamos do outro e o outro necessita de nós. Necessitamos compartilhar e receber afeto, atenção, amizade, acolhimento e solidariedade no aprender e no viver.
O autor continua seu texto questionando o que isso tudo tem a ver com a prática educativa, e apresenta sua posição, afirmando que uma prática educativa pautada por uma conduta ética, a seu ver, está centrada no atendimento das necessidades do educando como aprendiz dos mais variados conteúdos escolares.
Segundo Luckesi no caso dos educadores escolares, a conduta ética tem a ver com o outro, com a convivência com o outro, com o fazer melhor possível no ato de ensinar, para que a aprendizagem ocorra. “É dar boas e consistentes aulas, atender bem aos estudantes, para que aprendam o que necessitam de aprender; proceder atos de avaliação que sejam significativos no sentido de diagnosticar as carências de aprendizagem que necessitam de ser superadas; reensinar, com paciência e de coração, tudo o que os estudantes não aprenderam da primeira vez; não desqualificar, não ridicularizar um educando, por mais estranha que seja sua conduta. Qualquer conduta deve ser ponto de partida para uma nova ação educativa. Um educador solidário é aquele que transforma todas as experiências, sejam elas quais forem, em atos educativos. Nada o assusta.”
Considerando o exposto, podem surgir mais questionamentos, mas para os quais temos as respostas, até mesmo porque Luckesi em seu texto já nos auxiliou a descobri-las. Mas infelizmente, o que se percebe é que na prática do dia-a-dia são poucos os professores apaixonados, solidários, que realmente aproveitam todas as experiências como atos educativos. O que vemos são queixas, procura de culpados, desinteresse, trabalho individual. A questão é: porquê? Penso que seja porque na prática do dia-a-dia, o professor não coloca em ação o que ouve, lê, estuda e sabe para melhorar suas aulas, pois isso, dá mais trabalho, exige planejamento coletivo, relação olho no olho, assumir que não se sabe tudo, que apesar de se possuir um diploma, não temos mais certeza de tudo, frente a esse mundo de inúmeras transformações.
Desafiar-se a mudar é doloroso, pois duvidar de certezas, construir um olhar diferenciado sobre educação, conhecimento, aprendizagem, avaliação, trabalho docente, tempo e espaço escolar, exige ser autor, investir, estudar, negociar, trabalhar em equipe, envolver-se, sabendo que nem tudo está claramente especificado. E isso exige mais profissionalização o que pode parecer ser impossível e então, opta-se em continuar com velhas práticas e achar culpados, continuando uma tradição escolar que vem se mantendo há décadas. É sabedor que os professores, dia após dia, cada qual com sua mobilização, sua crença, sua paixão, seus conhecimentos, é que tornarão real toda e qualquer proposta promissora, ou melhor, toda e qualquer prática educativa ética.
Considerar a escola como um espaço de desenvolvimento e aprendizagem é acreditar que o espaço escolar é um lugar de sucesso de todos, constituindo-se um espaço coletivo, de planejamento, que estimula a cooperação, a comunicação e a partilha, onde há perguntas e respostas. Há espaço para trocas entre professor, aluno, equipe diretiva e envolvimento ativo dos pais e da comunidade. Ou seja, há uma prática solidária.
Com aporte nas questões apresentadas neste texto tenho a convicção de que a efetivização da prática ética, citada por Luckesi, ocorre na medida, que o professor acredita e está convencido a desenvolver novas competências, sendo que não consiste em mudar tudo num passe de mágica, mas sim mudar através da prática reflexiva, transformando desafios e dificuldades em oportunidades de mudança, em experiências positivas de vida, em aprendizagem, considerando, que como diz Guimarães Rosa, “professor não é quem sempre ensina, mas quem de repente, aprende”.


SITE DO TEXTO CITADO:
www.luckesi.com.br/textos/etica_e_pratica_educativa_outra_vez.doc

Relatório de Julho

JUNHO DE 2009
E com muita satisfação que volto a escrever,
Desta vez para relatar meu fazer,
Dos encontros que estão a me envolver.

GESTAR II
LAJEADO – RS
2º ENCONTRO- 22/06/2009

"Para ajudar alguém a desenvolver um saber, o primeiro passo é dirigir-se a essa pessoa como se ela já fosse detentora desse saber.”
JEAN ROUCAMBERT, A leitura em questão.
PAUTA:
1º momento: ACOLHIDA
Poema: GESTAR II em Lajeado. Autora: Solange Kunrath

2º momento: ORIENTAÇÕES
Trabalho do Professor Cursista;
Avaliação;
Cronograma dos encontros (datas e estudos).

3º momento: ESTUDO
Portfólio;
Projeto;
Memorial.

4º momento: INTERVALO

5ºmomento: OFICINA 10
Técnica: Leitura de Poemas
Relato da primeira semana de estudo do Programa;
Resumo dos temas principais das Unidades 9 e 10;
Preparação para os próximos estudos;
Avaliação da Oficina

No segundo encontro, para minhas colegas acolher, minhas impressões do grupo relatadas em poema, apresentei. Em seguida, orientações do trabalho do Professore Cursista, da forma de avaliação foram repassadas, sanando algumas dúvidas, que surgiram na leitura da semana.
No terceiro momento, lemos, estudamos, refletimos e trocamos ideias sobre portfólio, projeto e memorial. O trabalho com portfólio, para o grupo foi novidade e além de curiosidades, certa insegurança provocou, mas por todos considerado como uma forma de trabalhar muito rica em informações e reflexões, bem como, de autoria própria. Outro aspecto que chamou minha atenção foi que a maioria não se sentiu a vontade de fazê-lo na forma eletrônica, alegando falta de tempo e falta de disponibilidade na escola, até mesmo familiarização com a tecnologia, apesar da ajuda que ofereci e das possibilidades demonstradas. Quanto ao projeto, todos em suas escolas estão a realizar, principalmente de forma geral, como projeto de escola. Ainda não é algo sistemático no trabalho de cada professor, bem como, o planejamento de forma interdisciplinar. Por isso certa angústia no grupo foi percebida.
Há um caminho bem extenso a se trilhar quanto a esses aspectos, e que o prazo de meio ano, do Gestar, aqui no Rio Grande do Sul, não está a favorecer. Pois a preocupação maior é vencer o prazo estipulado no programa, para realização das atividades propostas, e desta forma aspectos pedagógicos como estes, que interferem diretamente no trabalho do professor não conseguem receber a devida atenção, ou seja, um estudo mais aprofundado. Mesmo as bibliografias sugeridas deveriam ser lidas e comentadas, o que é humanamente impossível, considerando o exposto neste parágrafo. Outra leitura que fiz, a partir de colocações dos professores foi que iniciando o projeto no meio do ano, muitos trabalhos já estão em andamento, relacionados a demanda escolar, da Secretaria da Educação e de outros programas que na escola encontram o espaço adequado para intervenção, e que acabam também exigindo ações e tempo dos professores.
Após o intervalo, lemos e curtimos poesias de Cecília Meirelles, Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Em seguida, abordamos os aspectos mais importantes das Unidades 9 e 10 do TP 3, que por sinal agradou a todos, pois trouxe novidades e confirmou a importância de alguns trabalhos que já vem sendo realizados na escola. Aproveitamos o momento para fazermos alguns relatos de atividades sugeridos pelo Avançando na Prática, e relacionados aos assuntos abordados nestas Unidades. Este momento foi fantástico, pois revelou a riqueza de trabalhos realizados em sala de aula, as diferentes realidades das escolas quanto a localização, cultura, clientela(inclusive EJA), as diversas formas de se abordar determinado texto, a paixão da maioria dos professores pelo seu fazer, demonstrada no olhar, no sorriso, nas palavras, durante seus relatos.
A avaliação deste encontro foi realizada de forma oral e o grupo considerou que correspondeu as expectativas, pois motivou, ofereceu sugestões de trabalho, idéias novas, e a troca de experiências durante o relato deu “ânimo”. As dinâmicas realizadas também foram consideradas positivas.
O estudo para o próximo encontro foi antecipado com a pergunta QUAL A RELAÇÃO ENTRE GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS?, que provocou dúvidas e assim incentivou a leitura das unidades seguintes.



GESTAR II
LAJEADO – RS
3º ENCONTRO
29/06/2009

“Ensinar é um pouco mais do que transmitir conhecimentos. É fazer brotar de cada silêncio a verdade e a magia do tempo, em compromisso de amanhãs”.(M.D.)
PAUTA:
1º momento: ACOLHIDA
Mensagem: Os caminhos da felicidade.

2º momento: ORIENTAÇÕES
Construção do Contrato Didático;

3º momento: ESTUDO
Resumo dos temas principais das Unidades 11 e 12;
Relato e reflexão de experiências realizadas com tipologia textual.

4º momento: INTERVALO

5ºmomento: OFICINA 10
Preparação para os próximos estudos;
Avaliação da Oficina

Relacionando a mensagem inicial com a proposta do Gestar II e considerando que o programa tem como objetivo maior o aperfeiçoamento dos professores e consequentemente, oportunizar uma educação de qualidade, aos nossos alunos, construímos um contrato didático para nosso trabalho. Assim sendo nos encontraremos, quinzenalmente, para realização das oficinas, e nas demais segundas-feiras para atendimento mais individualizado, no que se refere a dúvidas não sanadas nos encontros semanais, construção do projeto, portfólio(eletrônico ou escrito), leituras, planejamento, conforme necessidade sentida pelos professores cursistas. Percebi que esse contrato nos aproximou, veio ao encontro das necessidades do grupo e amenizou as angústias do grupo quanto ao tempo e trabalho a ser realizado.
Nesse encontro o tempo para relato e reflexão de experiências realizadas com tipologia textual, ocupou um bom tempo do encontro, pois consegui conhecer mais um pouco do grupo que estou coordenando, o trabalho desenvolvido, aspectos a serem estudados nos próximos encontros. Nesse momento também conseguimos refletir sobre maneiras de conciliar as sugestões do Gestar, com o trabalho que já vem sendo realizado, fazendo relações, tecendo ligações, complementando a prática, e desta forma realizando a transposição didática a que se refere o programa. Um fato inusitado aconteceu neste encontro, as lâmpadas da nossa sala queimaram, ficamos somente com a iluminação do corredor e do data show, mas como uma das professoras escreveu em sua avaliação: “o momento dos relatos foi tão significativo que nos esquecemos que estávamos praticamente às escuras por causa de uma queda de energia e esquecemos também do relógio,pois quando vimos já estava passando do horário de término da oficina.”
Senti neste encontro que preciso enfocar nos momentos de estudo aspectos teóricos quanto às concepções dos professores que interferem em sua prática diária. É importante saber embasar a prática com a teoria, saber fazer escolhas e dizer o porque delas. Sugeri algumas leituras de autores(cujos exemplares estavam comigo e que já tinha lido) como Maria Dinorah, Luiz Antônio Marcuschi, Sírio Possenti, Josette Jolibert, Maurizzio Gnerre, Artur Gomes de Moraes. Esta minha percepção foi comprovada na avaliação de uma das professoras que escreveu:’Foi bem importante debatermos sobre a leitura efetuada, como também aprofundarmos os conhecimentos do TP3 com base teórica da professora Solange, que trouxe-nos outras informações de autores para refletirmos sobre a prática docente.”


GESTAR II
LAJEADO – RS
4º ENCONTRO - 06/07/2009

“O SEGREDO É NÃO CORRER ATRÁS DAS BORBOLETAS. É CUIDAR DO JARDIM PARA QUE ELAS VENHAM ATÉ VOCÊ.”
Mário Quintana

Leituras e atendimento individualizado.


GESTAR II
LAJEADO – RS
5º ENCONTRO - 13/07/2009

“Certas coisas só se aprendem na escola, com a mediação de um ser mais experiente: o professor.”
Elvira Souza Lima

PAUTA:
1º momento: MENSAGEM
Torcida da Vida – Carlos Drummond de Andrade

2º momento: ESTUDO
Texto: DIFERENTES CONCEPÇÕES DE LÍNGUA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA.
Resumo dos temas principais das Unidades 13 e 14.

3º momento: INTERVALO

4º momento: AVANÇANDO NA PRÁTICA
Relato e reflexão das atividades práticas.

5º momento:
Preparação para os próximos estudos;

6º momento:
Avaliação da Oficina

Hoje o grupo estava muito preparado e ansioso para contar suas práticas. A técnica inicial contribuiu para essa motivação, já que oportunizou uma relação com o Programa Gestar, que representa uma torcida, para que tenhamos sucesso e alegria em nosso fazer como profissionais da educação.
Ao retomarmos os tópicos mais importantes das Unidades 13 e 14 do TP 4, o grupo concluiu que os assuntos abordados nestas Unidades, também contribuírem para a prática, no sentido de comprovar o trabalho que já vem sendo realizado, tanto que alguns dos relatos apresentados foram de atividades realizadas em outros momentos, mas semelhantes as sugeridas no Avançando na Prática. Como estávamos em época de Festas Juninas na escola, a sugestão da atividade relacionada a este tema foi colocada em prática pela maioria do grupo, pois facilitou a contextualização.
Quanto ao estudo realizado, o grupo achou o texto um tanto difícil, por ser bem teórico, mas que oportunizou uma reflexão sobre a nossa prática como professores de Português. Estou curiosa quanto à avaliação escrita deste encontro, já que não houve tempo para fazê-la, durante a oficina, para ver se há uma menção quanto à importância ou não deste momento, para os professores. Como professora formadora, continuo a avaliar esse momento muito valioso, para retomarmos, refletirmos e estudarmos aspectos teóricos além dos TPs.

Bem, é hora de concluir,
O meu segundo relatório, acabo de construir.
Desta vez com um pouco mais de experiência,
Finalizo o texto, cujo objetivo é comprovar,
o trabalho que estou a realizar , bem como sua abrangência.
A você que novamente comigo se encontrou,
Neste relatório em verso e prosa,
O qual alegria, angústias e reflexões demonstrou,
Um abraço da professora Solange, que pelo programa GESTAR,
Ainda continua a se encantar.
Lajeado, 17 de julho de 2009.